CASO ZAMPIERI
Assassinato de advogado em cuiabá revela esquema de corrupção no judiciário
POLÍCIA

O assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em frente ao seu escritório, localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá, em 5 de dezembro de 2023, abalou o meio jurídico em Mato Grosso. Zampieri foi alvejado por pelo menos dez disparos quando saía de seu local de trabalho.
Além da tragédia, investigações subsequentes revelaram uma complexa rede de corrupção no sistema judiciário brasileiro, com mensagens encontradas no celular da vítima que indicavam um esquema de venda de sentenças judiciais.
O caso, que envolve advogados, lobistas e até servidores de alto escalão, continua a intrigar e a mobilizar as autoridades, gerando questionamentos sobre a segurança dos profissionais da advocacia e a integridade das instituições judiciais.
Roberto Zampieri foi um advogado atuante em Cuiabá, Mato Grosso, reconhecido por sua dedicação à profissão e por sua atuação em diversos processos judiciais. De acordo com dados disponíveis, ele esteve envolvido em 3.496 processos, sendo 3.073 no estado de Mato Grosso e 153 em São Paulo. Entre as partes mais representadas em seus processos estavam a Renosa Indústria Brasileira de Bebidas S.A., com 95 processos, e o Banco Itaú S.A., com 93 processos.
Além de sua atuação profissional, Zampieri foi um dos delatores do esquema de cobrança de propina no Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), descoberto na Operação Bereré em 2018. Na época, ele relatou que recebeu como pagamento de honorários alguns hectares de uma fazenda em Alta Floresta, a Fazenda Mogno, que posteriormente foram vendidos para Irney Milani e o então deputado estadual Mauro Savi.
A morte de Zampieri gerou grande comoção na comunidade jurídica e na sociedade em geral, destacando a necessidade de medidas eficazes para garantir a segurança dos profissionais da advocacia e combater a impunidade. Na ocasião, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) expressou profundo pesar pelo ocorrido e cobrou celeridade nas investigações para elucidar o crime.
Em 6 de fevereiro de 2024, a Polícia Civil indiciou três indivíduos suspeitos de envolvimento no crime: Antônio Gomes da Silva, como suposto atirador; Hedilerson Barbosa, suposto intermediador, auxiliar do atirador e proprietário da pistola 9mm utilizada no assassinato e Etevaldo Luiz Caçadini, suposto financiador.
Investigações indicam que Antônio Gomes foi contratado para cometer o crime por R$ 40 mil. Ele teria vigiado a vítima por 30 dias antes do assassinato e utilizado uma caixa revestida com saco plástico para esconder a arma e possivelmente abafar o som dos disparos.
Hedilerson e Etevaldo negaram qualquer envolvimento no crime. As qualificadoras imputadas aos acusados são: mediante paga e promessa de recompensa, recurso que dificultou a defesa da vítima e emprego de arma de fogo de uso restrito.
Durante a primeira audiência que aconteceu no dia 22 de julho, de instrução e julgamento, Antônio assumiu ter sido o autor dos disparos, mas negou o envolvimento dos outros dois réus e do empresário Aníbal Manoel Laurindo, apontado pela polícia como mandante do crime.
O Ministério Público do Estado (MPE) pediu que o trio acusado de envolvimento na morte do advogado Roberto Zampieri seja levado a júri popular. Eles deverão responder por homicídio duplamente qualificado, considerando traição, emboscada ou outro recurso que dificulte a defesa da vítima, além de motivação torpe.
Esquema de venda de sentenças judiciais
Após a morte de Zampieri, a Polícia Federal analisou seu celular e descobriu um esquema de venda de sentenças judiciais envolvendo advogados, servidores públicos e possivelmente magistrados.
As investigações revelaram que Zampieri e o empresário Andreson de Oliveira Gonçalves lideravam uma rede que manipulava decisões judiciais em processos do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Judiciário de Mato Grosso.
Mensagens encontradas no celular de Zampieri indicaram que lobistas recebiam propina para obter minutas de decisões judiciais e ofereciam essas informações a partes interessadas. Em um diálogo, um lobista informou Zampieri sobre o pagamento de R$ 200 mil para um servidor do STJ, relacionado a um processo específico.
Além disso, foram identificados pagamentos de propina a servidores do STJ, como Daimler Alberto de Campos, ex-chefe de gabinete da ministra Isabel Gallotti. Em uma conversa, Andreson mencionou que Daimler havia cobrado R$ 50 mil relacionados a um caso específico.
Essas descobertas indicam a existência de um esquema sofisticado de manipulação de decisões judiciais, envolvendo diversos atores do sistema judiciário brasileiro. O desfecho desse caso pode ter um impacto significativo na confiança pública nas instituições jurídicas.
Nomes de peso
Da perícia no celular de Zampieri foram encontradas conversas com o desembargador Sebastião de Moraes Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O desembargador foi afastado por determinação do corregedor Nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, que pontuou que os diálogos refletiam “um cenário gravíssimo de reiteradas faltas funcionais pelo desembargador Sebastião de Moraes Filho e, muito possivelmente, de prática de crimes no exercício da jurisdição”.
Da perícia no celular de Zampieri foram encontradas conversas com o desembargador que vão do dia 14 de junho de 2023 a 5 de dezembro de 2023, dia do homicídio. Neste período, os dois trocaram 768 mensagens, cerca de 4,5 mensagens por dia. Entre os vários assuntos, Zampieri e Sebastião conversam sobre futebol, suas rotinas e outros temas que indicam uma relação de amizade. Em uma destas mensagens, o desembargador encaminha notícia sobre um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra magistrados de Mato Grosso sobre suspeita de venda de decisões. Em outros diálogos, Zampieri e o desembargador conversam sobre processos que seriam julgados no TJMT e sobre negociações financeiras.
Em janeiro deste ano, o TJMT arquivou o pedido de investigação disciplinar contra o desembargador, após avaliar que não havia provas suficientes para sustentar a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).
A decisão foi tomada pela presidente do TJMT, desembargadora Clarice Claudino da Silva no final de dezembro de 2024, mas só foi divulgada no dia 15 de janeiro.
A presidente destacou que, embora a denúncia fosse acompanhada de gravações e outros documentos, não havia evidências claras de desvio de conduta ou ato ilícito por parte do desembargador.
Apesar do arquivamento, Sebastião continua afastado de suas funções desde agosto de 2024 por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

POLÍCIA
Mãe de Emilly cobra justiça na Assembleia e diz não acreditar que assassina agiu sozinha

A mãe da adolescente Emilly Azevedo Sena, de 16 anos, assassinada brutalmente e com o bebê retirado do ventre, esteve na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) nesta quarta-feira (19) para cobrar justiça. Em uma fala emocionante, Ana Paula Meridiane afirmou que a responsável presa pelo crime, Nataly Hellen Martins Pereira, de 25 anos, não agiu sozinha e pediu punição para todos os envolvidos.
“Minha filha foi um sacrifício vivo, isso não se faz nem com um animal. Acredito que todos que participaram desse crime têm que pagar, porque o que fizeram com ela foi além da maldade humana,” declarou Ana Paula.
“Ela não poderia ter feito tudo sozinha”
A mãe de Emilly disse não acreditar que Nataly Hellen tenha cometido o crime sem ajuda, ressaltando que a filha teria reagido e buscado ajuda.
“Nunca que essa mulher fez tudo sozinha. Emilly teria tentado fugir, pedir socorro. Eu acredito que Deus fará justiça e usará as pessoas certas para que a verdade venha à tona,” afirmou.
Para Ana Paula, a assassina não pode ter liberdade novamente.
“Ela me tirou algo muito grande, levou uma parte de mim. Não merece viver em sociedade. Isso não pode ficar impune, porque outras mães podem passar pela mesma dor que eu estou passando.”
A bebê está bem
Sobre a neta, a pequena Liara, Ana Paula afirmou que a bebê está sendo bem cuidada e que tem sido sua força para enfrentar a tragédia.
“Graças a Deus, ela está bem. Está sendo bem cuidada e, nesse momento, é meu refúgio em meio a tudo isso que está acontecendo.”
Alerta para outras mães
Em meio à dor, Ana Paula fez um alerta para que outras mulheres não caiam em armadilhas como a que vitimou sua filha.
“Não confiem em ninguém! O que parece bondade do outro lado do celular pode ser uma armadilha. Se alguém oferecer doações, vá acompanhada, com o esposo, um familiar. Nunca vá sozinha!”
O crime brutal
Emilly, grávida de oito meses, saiu de casa em Várzea Grande para buscar doações de roupas em Cuiabá e nunca mais voltou. Horas depois, Nataly Hellen apareceu em um hospital com um bebê recém-nascido, alegando ter dado à luz em casa.
A farsa foi descoberta quando os médicos constataram que Nataly nunca esteve grávida. Ao ser presa, ela confessou o crime e revelou que planejou tudo por dias, chegando a cavar uma cova um dia antes do encontro com Emilly.
A Polícia Civil segue investigando o caso para apurar se outras pessoas participaram do crime, como acredita a família da vítima.
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