A Crise na Saúde Pública de Cuiabá: Entre a Diversão nas Redes e as Denúncias Sérias
O prefeito de Cuiabá é alvo de denúncias sobre a má gestão de recursos públicos e assédio moral dentro da Secretaria Municipal de Saúde; a desconexão entre imagem e realidade preocupa a população.
CUIABÁ

Em um contexto em que a saúde pública demanda uma atenção urgente e eficaz, o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, se destaca não apenas por suas postagens divertidas nas redes sociais, mas também por uma série de graves denúncias que revelam uma administração problemática. Com a era da informação e da transparência, espera-se que as administrações públicas alinhem suas ações às expectativas da sociedade. Contudo, a realidade atual de Cuiabá é marcada por uma preocupante desconexão entre a imagem descontraída apresentada pelo prefeito e os desafios concretos enfrentados pela população.
As denúncias levantadas, especialmente por vereadores como Didimo, o Vovô, sobre o uso indevido de veículos oficiais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), acendem um alerta vermelho. Relatos indicam uma série de irregularidades, como o fato de um carro oficial, utilizado pela adjunta de Atenção Básica da Saúde, Catarina Célia de Araújo, não ser devidamente adesivado. A revelação de que um veículo avaliado em 140 mil reais circula sem identificação e os pedidos de denúncias apresentados indicam, não apenas a má gestão, mas também um potencial desvio de recursos públicos. As acusações de assédio moral contra Catarina em sua função levantam questões éticas significativas sobre a administração que permite tais comportamentos nocivos.
A insatisfação da população de Cuiabá, já saturada de promessas não cumpridas e escândalos incessantes, cresce à medida que se percebe uma falta de transparência e um foco excessivo em proteger indivíduos problemáticos dentro da estrutura de gestão da saúde. A administração atual parece priorizar a construção de uma imagem divertida e palaciana nas redes sociais, enquanto a população clama por ações concretas que visem realmente o bem-estar da coletividade. A saúde pública não deve ser encarada como um teatro, mas sim como uma área crítica que exige responsabilidade e competência.
Outro aspecto preocupante refere-se às influências políticas que cercam figuras controversas, como a adjunta da saúde. A declaração de Catarina de que é uma “mulher intocável”, respaldada por “políticos fortes”, traz à tona a pergunta sobre quem são esses políticos que têm ligações com essa secretária que se intitula “general”. Essa situação alimenta uma cultura de impunidade dentro da gestão pública. Diversos boletins de ocorrência por assédio moral apresentados por funcionários da saúde contra Catarina reforçam a necessidade de uma investigação mais aprofundada e transparente. O que está em jogo não é apenas a credibilidade do prefeito, mas a vida e a saúde de toda uma população que depende de uma gestão pública responsável e ética.
Diante desse cenário alarmante, torna-se imprescindível que as autoridades competentes reavaliem a conduta, não apenas de Abílio Brunini, mas de toda a estrutura da SMS. A população já demonstrou seu descontentamento, e a tolerância com uma gestão ineficaz não deve ser confundida com leniência. O momento para reivindicar mudanças significativas é agora; os cidadãos de Cuiabá merecem um governo que priorize a integridade e a responsabilidade na saúde pública, e não somente uma fachada de diversão nas redes sociais. Assim, é urgente que a balança entre a descontração virtual e as obrigações administrativas seja reequilibrada, antes que a confiança popular na administração se torne irreparável e o futuro da saúde pública no município fragilize-se ainda mais.

CUIABÁ
Governo contratou banco suspeito de ligação com o PCC para operar em MT

O governo de Mato Grosso contratou o BK instituição de Pagamento S/A, o BK Bank, para gerir cartões do programa MT Garante, voltado à transferência de renda para agricultores familiares. O dinheiro vem do Fundo de Apoio à Agricultura Familiar (FUNDAAF), operado pela empresa pública Desenvolve MT.
O contrato foi publicado na última segunda-feira (25.08) antes de ser desencadeada uma série de operações pela Polícia Federal, Ministério Público de São Paulo e Receita Federal, que é considerada a maior operação contra o crime organizado do país.
Segundo as investigações, a BK Instituição de Pagamento é amplamente utilizada pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), inclusive por usinas sucroalcooleiras e distribuidoras ligadas ao grupo, para ocultar a origem e destino de valores, utilizando “contas bolsões” que inibem o sistema antilavagem de capitais. Foram identificadas “procurações cruzadas”.
A informação fiscal de dentro da operação apontou a responsabilidade de indivíduos ligados à Reag Investimentos e e à Altinvest nas dinâmicas fraudulentas envolvendo fundos de investimentos e a BK Instituição de Pagamento.
O BK Bank foi contratado através do Edital 02/2025 da Desenvolve MT. O Governo estima gastar R$ 62 milhões com o programa de cartões de pagamento e a instituição financeira ganhará um percentual em cada transação, por oferecer a tecnologia para o serviço. A estimativa é de que receberá R$ 1,8 milhão, com uma taxa de 3,10%, 42% de desconto em relação ao valor previsto no edital (5,35%).
O BK chegou a ser desclassificado na licitação por razões técnicas, mas apresentou recurso e conseguiu ser habilitado. Segundo a equipe técnica da licitação, a BK não conseguiu atender à Prova de Conceito. “A empresa não comprovou o atendimento integral aos requisitos do Plano de Aplicação da POC e na respectiva ficha de avaliação”, diz.
Empresa foi reabilitada na licitação
A partir de então, entra em cena a irmã do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), Caroline Manoela Brunini Moumer Gonçalves, assessora jurídica da Desenvolve MT, e uma das responsáveis por reabilitar o BK Bank. Em documento assinado por ela e outras quatro pessoas constatou-se que a BK poderia ser habilitada.
“Observa-se que a empresa BK Instituição de Pagamento S.A. demonstrou pleno conhecimento das exigências estabelecidas para a Prova de Conceito, apresentando, durante sua demonstração, justificativas quanto à execução de determinados itens, os quais poderão ser ajustados conforme as necessidades operacionais do objeto”, diz a decisão que reformou a primeira decisão para inabilitar a empresa.
Operação Carbono Oculto
A Receita Federal e órgãos parceiros deflagraram, na quinta-feira (28.08), a Operação Carbono Oculto, tratada como a maior operação contra o crime organizado da história do país em termos de cooperação institucional e amplitude.
O objetivo da ação é desmantelar esquema de fraudes e de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Estão na mira da investigação vários elos da cadeia de combustíveis controlados pelo crime organizado, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em cerca de 350 alvos – pessoas físicas e jurídicas – localizados em oito estados: Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) também ingressou com ações judiciais cíveis de bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, para a garantia do crédito tributário.
O que diz o Governo
A reportagem tentou contato com o Governo para ouvir manifestação sobre o caso, mas não obteve resposta. A reportagem não conseguiu contato com a irmã do prefeito de Cuiabá, também citada no texto. O espaço segue aberto.
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